A ilusão quanto a uma possível relação afetuosa entre patrões e empregados acaba sempre sendo desfeita em momentos decisivos como as manifestações de resistência individual ou de classe às investidas autoritárias que o patronato traveste de fraternidade e compaixão, culminando em demissões ou rupturas eivadas de rancor, para uns, e ingratidão, para outros. O ódio de classe, no entanto, de parte à parte, pode alcançar formas mais sofisticadas, tenras e nobres. É o que revela o talento poético de Djavan Mimbora, figura de origem humilde, que já foi morador de rua, zelador, pedreiro, guarda noturno, garçon, garoto de programa e... torneiro mecâncio. Depois de alcançar o estrelato nos palcos europeus, Mimbora volta ao Brasil para mostrar seu mais novo sucesso, uma ode a um ex-patrão de quem ele ainda guarda lembranças longínquas que misturam íntima e sutilmente amor e ódio.
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